É fato: motoristas e cobradores que trabalham em frotas de transporte urbano são mais suscetíveis à perda de audição. Conforme indica uma pesquisa realizada em Brasília pelo Ministério do Trabalho, 45% dos condutores e auxiliares de transporte rodoviário apresentam perda auditiva em função do excesso de barulho do motor – que se encontra na dianteira do ônibus, em 98% dos casos.
Trata-se de um número alarmante, que tem interpelado projetos de lei para proteção dessa classe de trabalhadores. A principal meta é exigir que as frotas públicas e viações tenham apenas veículos com motores traseiros, o que reduziria significativamente a exposição dos motoristas ao barulho intenso e contínuo.
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Investigações do Ministério do Trabalho atestam que os ônibus utilizados para transporte público emitem ruídos de 82 decibéis. Tal nível de barulho é capaz de danificar o mecanismo auditivo em apenas 5 anos, caso o motorista tenha uma jornada regular de 8 horas de trabalho por dia.
Nessas circunstâncias, o condutor deveria utilizar um protetor auricular para “abafar” o ruído externo. Porém, isso nunca acontece devido aos fatores intrínsecos à sua profissão – motoristas precisam ouvir o trânsito e responder a ele de forma ágil, o que inviabiliza o uso do acessório.
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Engana-se quem pensa que saúde da audição é a única comprometida com o barulho do motor. Na realidade, a maioria dos motoristas de ônibus apresenta esgotamento emocional e déficits cognitivos que prejudicam – e muito! – sua qualidade de vida.
De acordo com um levantamento realizado pelo Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Rodoviário de BH – STTR, 40%dos motoristas relatam dificuldades para dormir, 43 % experimentam desânimo ou ansiedade antes de uma jornada de trabalho e 70% gostariam de contar com apoio psicológico.
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Incontestavelmente, cabe aos sindicatos dos motoristas executarem uma “força tarefa” para solucionar a questão com medidas judiciais. Além de exigir mudanças na localização do motor dos veículos, é fundamental cobrar melhorias práticas nas condições de trabalho.
Somente assim será possível reduzir os riscos de perda auditiva e aumentar a qualidade de vida destes profissionais condutores, sejam eles do setor público ou privado.