Depressão

Os suicídios têm aumentado de forma assustadora e a depressão é uma das principais responsáveis pelo atentado contra a própria vida. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), são cerca de 800 mil casos por ano, o que significa uma morte a cada 30 segundos no mundo. Já o Brasil é o oitavo país com mais óbitos autoprovocados, com seis mortes a cada 100 mil pessoas por ano.
Geralmente, a depressão é confundida com decepções, tristezas, angústias e frustrações da vida. Mas é importante ressaltar que essa doença vai além desses sentimentos, podendo afetar as áreas afetivas, cognitivas e físicas do corpo. Segundo o médico Vinicius Guandalini Guapo, Doutor em Saúde Mental pela USP de Ribeirão Preto, o resultado desse transtorno no cérebro são alterações na maneira das pessoas se sentirem, processarem as informações e os sentimentos e como elas se comportam diante de um problema. Em determinados casos, há uma distorção da realidade, de forma que as pessoas enxergam os problemas bem maiores do que eles são.
Para a ciência, a maior influência para a depressão não é a quantidade, mas a qualidade dos relacionamentos íntimos, com os familiares e amigos mais próximos e com o parceiro. Além disso, a doença não está relacionada à fama, beleza e classe social. Inclusive, famosas como Anitta, Gisele Bündchen e Paula Fernandes já afirmaram ter sofrido de depressão. Anitta, por exemplo, tem tudo o que uma pessoa pode considerar essencial para ser feliz: dinheiro, sucesso, reconhecimento e fama. Mas isso não impediu que ela desenvolvesse a doença. No seu caso foi aos 18 anos, no início da carreira e, dentre as principais causas citadas por ela, está a cobrança pelo corpo perfeito.
Sintomas
Conheça os principais sinais que podem indicar depressão:
- Falta de motivação.
- Medos que antes não existiam.
- Dificuldade de concentração.
- Alto grau de pessimismo.
- Indecisão.
- Insegurança.
- Insônia.
- Falta de vontade em fazer atividades antes prazerosas.
- Sensação de vazio.
- Raciocínio mais lento.
- Ansiedade.
- Angústia.
Alguns sintomas físicos.
- Dores no corpo.
- Tensão muscular na nuca e nos ombros.
- Imunidade baixa.
- Dores de cabeça.
- Problemas digestivos.
- Distúrbios do sono.
- Mudanças no apetite e no peso.
Vale lembrar que os estereótipos dificultam o reconhecimento dos sintomas. Para muitos, a imagem da depressão no imaginário popular é alguém sem forças para sair da cama, com higiene pessoal comprometida e falta de apetite.
Anedonia: um dos sintomas mais desafiadores da depressão
A anedonia é caracterizada pela perda significativa ou incapacidade de sentir prazer em atividades que antes eram consideradas agradáveis – como ir à praia, tomar uma cerveja com os amigos, sair para dançar, ler um livro e fazer compras. Segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e a Associação Americana de Psiquiatria (APA), esse sintoma atinge cerca de 70% dos pacientes com depressão e cerca de 322 milhões de pessoas no mundo. Algumas características da anedonia:
- Varia de intensidade de acordo com a gravidade do transtorno.
- O paciente pode perder o prazer por uma coisa específica e que sempre gostou muito ou por todas as coisas.
- Essa condição inibe os comportamentos saudáveis, fundamentais para uma vida plena e feliz, como o relacionamento com outras pessoas.
- O paciente se torna indiferente consigo mesmo, não tendo apego por nada e nem ninguém.
- O paciente parece estar emocionalmente vazio, sem sofrer alterações de humor, independentemente do que aconteça ao seu redor.
- Eleva o risco de suicídio.
- Normalmente, é acompanhada de desânimo, cansaço, fadiga, apatia, diminuição de energia e dificuldade de concentração.
- É mais comum em mulheres.
Diagnóstico
Muitas vezes, o medo do diagnóstico e a ideia de que os psiquiatras e psicólogos são profissionais que tratam de “loucos” afastam a pessoas do consultório. Mas o diagnóstico da depressão pode ser feito pelos profissionais mais frequentados, como o cardiologista, no caso dos homens, e o ginecologista no caso das mulheres.
Dados da Federação Mundial para a Saúde Mental apontam que o sentimento de incompreensão ou a vergonha de confessar seu sofrimento é o que faz com que mais de 70% das pessoas não fale sobre a doença, o que é fundamental para que o episódio não se repita e para que o paciente tenha o tratamento adequado, o mais rápido possível. Para se ter uma ideia, se você tem um episódio, é provável que tenha que tomar remédio por um ano. Dois episódios fazem com que o tratamento leve entre dois e três anos. Mais de três episódios e a medicação provavelmente será necessária a vida toda, porque há a chance de 90% para recorrência de crises depressivas.
Tratamento
Não existe um tratamento único para a depressão. Além disso, o que funciona para uma pessoa pode não ser tão eficaz para outras. Geralmente, são receitados medicamentos, como antidepressivos, estabilizadores de humor e ansiolíticos, associados ou não a terapia. Outras medidas importantes:
- Cuidar do sono.
- Ter uma rígida manutenção da rotina, incluindo: boa alimentação, atividade física constante e momentos de lazer.
- Colaboração da família e dos amigos, que deve apoiar, entender e acolher.
- Não forçar o paciente a fazer coisas que ele não quer ou procurar culpados e justificativas para o que ele está passando.
- Técnicas de relaxamento e respiração, meditação, acupuntura e massagens também são alternativas recomendadas na atualidade.
- Minimizar ou interromper o consumo de álcool, tabaco e outras drogas.
Depressão infantil
A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que 20% das crianças e dos adolescentes do mundo apresentam depressão. No Brasil, esse tipo de distúrbio se faz presente entre 8% e 12% da população infanto-juvenil. Diversos fatores podem causar a depressão nessa fase da vida, mas, geralmente, as crianças costumam ficar deprimidas se os ambientes familiar e escolar estiverem desfavoráveis.
Diferentemente dos adultos, as crianças não ficam deprimidas o tempo inteiro e podem se divertir em determinado momento, o que dificulta que pais e educadores percebam que o filho ou o educando precisa de ajuda. Os sintomas também podem ser variados e facilmente confundidos com outros problemas.
Conheça os principais sintomas de acordo com a idade:
- 2 a 5 anos: sintomas físicos, como parar de comer e dor na barriga.
- 5 a 7 anos: sintomas psicossomáticos, como desempenho baixo e recusa escolar, ansiedade, fobia, irritabilidade e retraimento social.
- 8 a 12 anos: perda do prazer e tristeza, desesperança, variação de humor, ansiedade, recusa escolar e desejo de morte.
- 13 a 18 anos: irritabilidade, inquietação, isolamento social, agressividade, problemas com drogas, cansaço, dormir muito e atos suicidas.
Depressão em idosos
Os sinais da depressão também são diferentes nos idosos. É preciso estar atento porque eles podem não relatar tristeza e desânimo, mas podem apresentar ansiedade, queixas físicas e pessimismo. Além disso, a depressão pode piorar o controle da diabetes e da hipertensão.
Tratar a depressão do idoso também é diferente e exige mais cuidados do que um adolescente ou um adulto. É preciso saber com detalhes como estão órgãos como fígado e rim, que podem ser afetados pelos antidepressivos. As condições do cérebro também influenciam o tratamento já que o cérebro do idoso está numa fase degenerativa natural, ou seja, o número de neurônios vai diminuindo com o passar dos anos.
E LEMBRE-SE: se sentir um ou vários dos sintomas citados neste texto, procure ajuda com um amigo, familiar ou médico da sua confiança. O mesmo vale se notar esses sinais em algum conhecido. Não fique caldo. Depressão tem tratamento e você não está sozinho!