De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil há 9,7 milhões de deficientes auditivos. Apesar do número elevado, o país ainda se arrasta em termos de acessibilidade e inclusão social dessas pessoas, que enfrentam inúmeras dificuldades diárias que impactam, por exemplo, na sua formação educacional. Conheça alguns projetos que buscam garantir mais qualidade de vida aos brasileiros com problemas auditivos!
O Programa de Atenção à Acessibilidade do Detran/SP auxilia os surdos na prova teórica de habilitação. O teste tem mediação online de uma intérprete em Libras, que ajuda os candidatos na leitura das questões, permitindo a igualdade entre os cidadãos. O programa inclui, ainda, prova adaptada. Desde 2013, já foram emitidas, em todo o estado de São Paulo, 26.778 CNHs para surdos.
O Detran/SP disponibiliza no portal www.detran.sp.gov.br um tutorial em Libras para orientar os cidadãos surdos sobre as etapas do processo de habilitação e também como requerer a prova adaptada com o auxílio da intérprete. O processo de emissão da CNH é o mesmo para todos os cidadãos: aulas e provas teórica e prática, e exames médico e psicológico.
Vale ressaltar que os condutores surdos costumam ser organizados e prevenidos: eles planejam o trajeto antes de sair de casa. Devido à perda auditiva, eles também têm a virtude de serem mais atenciosos no trânsito.
A Hand Talk, start up criada por três brasileiros, em 2012, oferece dois produtos principais: um tradutor de sites e um aplicativo mobile. O primeiro é baseado no avatar digital Hugo, um intérprete que traduz o conteúdo dos sites para a língua de sinais. O segundo traduz conteúdos em texto e voz automaticamente para libras, além de oferecer um dicionário para sinais educativos que auxiliam no aprendizado de estudante surdos.
Por ser capaz de traduzir áudios, o app, disponível para iOS e Android, também pode auxiliar deficientes auditivos a se comunicar e interagir com quem não sabe a língua de sinais, como é o caso da maioria das pessoas. Isso melhoraria as condições de sociabilidade das pessoas com deficiência auditiva, permitindo que elas participem de atividades que antes não poderiam, devido à falta de acessibilidade.
O projeto também incentiva todas as pessoas a aprenderem a língua de sinais, que é considerada a língua oficial do Brasil desde 2002, por meio do dicionário e dos vídeos explicativos disponíveis no app.
O Hand Talk foi escolhido pela ONU como o melhor aplicativo de inclusão social. Além disso, o projeto venceu, neste ano, o Desafio Google em inteligência artificial, levando para casa um prêmio de, aproximadamente, R$ 3 milhões.
Centenas de pessoas lotaram o auditório do Teatro Glênio Peres, em Porto Alegre, para assistir à peça “Além das Luzes da Cidade”. Com o objetivo divulgar a arte e a cultura surdas, o elenco do grupo Mãos em Cena – composto por 14 integrantes surdos – apresentou uma releitura da obra de Charles Chaplin “Luzes da Cidade”.
A diretora da peça, Maria da Graça, explicou que a apresentação ajuda a divulgar para pessoas leigas que o surdo é capaz, não só com relação à arte, à cultura, mas toda comunicação em geral.
Outra iniciativa com a mesma ideia é o exercício cênico “A Chegada”, em que o artista Igor Rocha interpreta o palhaço Surddy, provando que a deficiência auditiva não é empecilho para se expressar o potencial artístico. A apresentação, que aconteceu em Recife, durou, aproximadamente, 25 minutos seguida. Em seguida foi realizado um debate em que o Igor comentou, por exemplo, sobre a dificuldade que os surdos têm para frequentar os teatros, já que os espaços desconhecem essa cultura e não costumam contratar intérpretes em Libras para os espetáculos.
Foi no governo de D. Pedro II que os surdos começaram a ter acesso à educação no Brasil. O imperador criou a primeira escola de educação de meninos surdos, onde, hoje, funciona o Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines), no Rio de Janeiro.
Apesar da primeira escola ter sido criada em 26 de setembro de 1857, apenas em 2002, ou seja, 145 anos depois, que, por meio da sanção da Lei n° 10.436, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) foi reconhecida como meio legal de comunicação e expressão no País.