Dando continuidade à “quadrilha do ouvido” (leia o texto Misofonia https://sonsdavida.com.br/misofonia/), hoje nós vamos falar sobre a fonofobia, o transtorno determinado pelo medo ou raiva de ouvir certos sons. Para se ter uma ideia, quem sofre com a fonofobia pode apresentar crises de ansiedade simplesmente ao ouvir talheres baterem em um prato, por exemplo.
Alguns pesquisadores acreditam que a fonofobia é um caso extremo de misofonia, que se caracteriza pela irritabilidade que ocorre em algumas pessoas quando ouvem certos ruídos comuns no dia a dia, como o mastigar ou tossir de outra pessoa. Mas, ao contrário da misofonia, nessa categoria também se encaixa o temor a sons altos, como buzinas, alarmes, sirenes, fogos de artifícios e o barulho do trânsito das grandes cidades.
Quando você sente ansiedade, as glândulas sudoríparas da pele aumentam sua excreção e a condutividade elétrica da pele aumenta, graças aos eletrólitos presentes no suor.
Pensando nisso, um pesquisador da Universidade da Califórnia, em San Diego, realizou um estudo sobre a fonofobia, colocando eletrodos na pele de pessoas com esse transtorno para medir sua condutividade enquanto eles ouviam uma série de sons.
O estudo apontou que a condutividade da pele dessas pessoas aumentou, mostrando que os sons realmente causaram uma resposta fisiológica em seus corpos. Em conclusão, a fonofobia existe, não é uma sugestão, porque o corpo reage de certas maneiras a certos estímulos sonoros em pessoas que sofrem com essa doença.
Ainda não se sabe exatamente por que as vias auditivas de algumas pessoas são extremamente sensíveis a sons altos ou por que outras pessoas associam emoções negativas e se sentir ansioso quando ouvem alguns sons, mesmo sem uma sensibilidade especial em suas vias auditivas.
Para a misofonia ou a fonofobia, o gatilho pode ser um evento traumático que foi associado com um som particular.
A fonofobia também pode ter causas orgânicas. Uma cirurgia no crânio, especialmente se estiver perto da orelha, enxaqueca, autismo ou certas doenças genéticas, também pode causar fonofobia.
Não existe cura para essas condições, mas um tratamento adequado pode auxiliar o paciente a conviver com a patologia e manter a qualidade de vida.
Assim como a misofonia, a fonofobia não é uma doença do trato auditivo. Mesmo assim, o otorrinolaringologista deve ser acionado nesses casos, pois o tratamento pode incluir terapias de habituação sonora e do zumbido. A abordagem exige uma equipe multidisciplinar formada por fonoaudiólogos, psiquiatras e psicoterapeutas.