Para um atleta estar apto a disputar os Jogos Surdolímpicos, é necessário que ele tenha perdido, em seu melhor ouvido, ao menos 55 decibéis, e o uso de aparelhos e implantes cocleares não é permitido enquanto o atleta está competindo. Nas Surdolimpíadas de Verão as modalidades disputadas são basquete, futebol, vôlei, vôlei de praia, atletismo, judô, caratê, boliche, ciclismo, taekwondo, luta greco-romana, natação, orientação, tênis, tênis de mesa e tiro. Já na de inverno, as modalidades são esqui alpino, esqui cross country, snowboard, curling e hóquei.
Existem duas justificativas para a realização de uma competição à parte entre os deficientes auditivos. A primeira é o fato de o ICSD não ser reconhecido pelo COI. A segunda é que esse mesmo COI não considera deficientes auditivos como para-atletas, pois entende que eles poderiam competir nos jogos regulares, contra atletas sem a deficiência. De fato, existem alguns exemplos de atletas profissionais com deficiência auditiva. O lutador de MMA Matt Hammil, medalhista de prata na luta greco-romana nas Surdolimpíadas de 2011, hoje luta profissionalmente no UFC. Outro exemplo de sucesso é o também americano Marcus Titus.
O nadador foi medalhista de bronze nos jogos pan-americanos de Guadalajara e é considerado um exemplo de superação. No entanto, para Titus competir entre os atletas sem déficit de audição, foi necessário que o sinal sonoro de largada fosse substituído por um sinal luminoso, tal qual o usado nas Surdolimpíadas.
O esporte pode ser um importante fator de integração social e inclusão de pessoas com deficiência auditiva, inclusive no que tange ao alto rendimento. No entanto, a visibilidade das modalidades para deficientes auditivos é muito baixa, quase nula. Além disso, por não estarem vinculados a nenhum comitê oficial do COI, a dificuldade em obter patrocínio é imensa.
No Brasil existe um comitê, completamente desvinculado do comitê olímpico, para apoiar os atletas com déficit auditivo. Contudo, não há verba do Estado nem de patrocinadores. Um exemplo disso é que o plano do comitê Confederação Brasileira de Desportos dos Surdos, CBDS, era levar até 150 atletas para as Surdolimpíadas do ano que vem, entretanto, sem patrocínio ou apoio do governo, esse número pode ser reduzido à 60, e a grande maioria deles terá de bancar a própria viagem. Na última edição, a delegação brasileira trouxe quatro medalhas para casa, o que é um número impressionante, considerando a diminuta delegação de 33 atletas e que o Brasil disputou apenas 6 modalidades.
Atualmente, o bolsa atleta só beneficia 17 surdoatletas e a lei de incentivo ao esporte só reconhece o projeto para os atletas do vôlei. Outro fato que dá a medida do esforço da CBDS foi a participação no mundial de futsal feminino para surdos na Tailândia, ano passado. Para conseguir verba, os atletas tiveram de pedir doações online. E elas não decepcionaram: mesmo sem quase nenhum suporte, voltaram para casa comi o vice-campeonato feminino, ainda tendo a melhor jogadora da competição.