Porque alguns usuários de aparelhos auditivos às vezes acham que estão ouvindo demais?
A cena é comum para quem convive com um usuário de aparelho auditivo: em uma festa de família, ou em um ambiente em que exista muitos sons conflitantes, a pessoa retira o aparelho por se sentir incomodada com o excesso de barulho.
Pode até parecer estranho, principalmente porque para as pessoas sem déficit auditivo não há nenhuma poluição sonora tão forte a ponto de incomodar. Além disso, quando se vai conversar com essa pessoa, ela, que se dizia tão incomodada com o barulho, tem dificuldade em conversar e, para tanto, recoloca o seu aparelho.
Não há nada de estranho nisso, na verdade é extremamente compreensível, sobretudo para casos em que as pessoas usam aparelhos mais antigos, com tecnologias defasadas. Aqui no blog já falamos sobre como a audição é um processo essencialmente cognitivo. Falamos também da evolução dos aparelhos auditivos. O casamento desses dois fatores é o que justifica esse incomodo. Isso porque, aparelhos inadequados, simplesmente ampliam os sons indiscriminadamente, independentemente de frequência e direcionamento.
Uma pessoa que não tem deficiência auditiva, faz o processo de reconhecimento e focalização sonora no cérebro. Ou seja, em um ambiente barulhento, reconhecemos o que nos interessa, e assim conseguimos focar a atenção e distinguir o que é barulho do que é informação. Agora, usando um aparelho inadequado, a pessoa com déficit auditivo receberá todos aqueles sons de maneira muito parecida, ou seja, vão soar todos juntos, como um ruído sem muita direção. Esse ruído se torna muito desagradável, então a pessoa prefere desligar o aparelho.
Hoje em dia, contudo, aparelhos mais modernos, equipados com a tecnologia conhecida por Brain Hearing, consegue realizar essa filtragem. Assim, o aparelho modula e reconhece os sons, diferenciando a frequência e direcionamento. Desta forma, o usuário pode focar no som que realmente interessa, que se tornará mais claro, e “descartar” os outros. Usando esse tipo de aparelho, as pessoas com déficits auditivos conseguem se ambientar e socializar melhor, o que aumenta e muito sua qualidade de vida.
