A audição deve ser tratada com cuidado para evitar várias doenças graves, inclusive distúrbios mentais. Dentre os primeiros sinais que podem significar perda auditiva e, portanto, merecem atenção estão:
- Necessidade de aumentar o volume dos sons.
- Dificuldade de ouvir a longas distancias.
- Dificuldade em acompanhar palestras.
Além do mal-estar e da queda da qualidade de vida, a dificuldade em ouvir faz com que a pessoa se afaste das atividades do dia a dia e, quanto mais ela se isola, mais aumenta o risco desse problema levar a um quadro degenerativo, relativo ao quadro de demência.
Efeitos cognitivos de problemas visuais e auditivos
Apesar de não terem estabelecido um fator de causa e efeito, estudos apontam que, cada vez mais, os déficits de visão e audição não corrigidos podem acelerar o declínio cognitivo – como memória, orientação e planejamento –, ou seja, a capacidade do cérebro de realizar tarefas complexas e desenvolver várias atividades ao mesmo tempo.
Dados
- Espera-se que o número de pessoas com problemas de visão – muitas vezes não detectados entre adultos mais velhos – dobre até 2050.
- A perda de audição – a maioria não tratada ou com tratamento insuficiente – ataca quase dois terços dos adultos com mais de 70 anos.
- A piora da visão e da audição ocorre em uma a cada 9 pessoas com idade superior aos 80 anos.
Estudo realizado pela Universidade de Michigan, com 625 pessoas idosas, apontou que:
- Aqueles que apresentam deficiência visual tinham um risco 63% maior de desenvolver demência em um período de 8,5 anos.
- Aqueles com problema de visão que não foram ao oftalmologista tinham cinco vezes mais chances de passar por um declínio cognitivo e estavam 9,5 vezes mais propensos a desenvolver Alzheimer.
Estudo realizado pelo Centro Johns Hopkins de Envelhecimento e Saúde, com 1.984 adultos mais velhos, apontou que:
- Aqueles que inicialmente tinham perda auditiva tiveram uma probabilidade 24% maior de passar por declínio cognitivo do que aqueles com audição normal, dentro de seis anos.
- Suas habilidades cognitivas declinaram até 40% mais rápido do que outros com audição normal.
- Eles tiveram mais problemas com funções cerebrais, como pensamento e memória, desenvolvendo esses problemas, em média, três anos antes do que as pessoas de mesma idade com audição normal.
- Quanto mais severa a perda auditiva no início do estudo, maior a perda cognitiva ao longo do tempo.
- Isso não é necessariamente uma relação unidirecional. Ou seja, se você melhorar a visão de pessoas com comprometimento cognitivo, eles podem melhorar da visão, mas não dos problemas cognitivos. O mesmo ocorre com a audição.
- Ainda não se sabe se a utilização de aparelhos auditivos corretamente ajustados pode diminuir o risco da demência ou retardar seu aparecimento.
Como os problemas auditivos podem contribuir com a demência
O Dr. Frank R. Lin, otorrinolaringologista do Centro Johns Hopkins de Envelhecimento e Saúde e responsável pelo estudo citado acima, sugeriu três explicações para mostrar como a deficiência auditiva estaria ligada à demência.
- Carga cognitiva: quando alguém não ouve bem, o cérebro recebe sinais ilegíveis, forçando-o a trabalhar mais para decodificar o significado da mensagem.
- Pessoas que não ouvem bem tendem a se tornar mais isoladas socialmente, o que resulta em diminuição dos estímulos cognitivos e eventual perda cognitiva.
- Estrutura do cérebro (talvez a mais importante): a perda auditiva resulta em uma taxa mais rápida de atrofia cerebral, principalmente sobre a área auditiva do cérebro, que também está envolvida em funções de memória, aprendizado e pensamento.
Prevenção
A Academia Americana de Oftalmologia recomenda que as pessoas com idade entre 40 e 54 anos, sem sintomas ou sem fatores de risco, realizem um exame oftalmológico abrangente entre dois e quatro anos.
- Para aquelas com idade entre 55 e 64 anos, esse check-up deve ser realizado entre um e três anos.
- Depois dos 64 anos, recomenda-se fazer exames a cada um ou dois anos no máximo.
- A Associação Americana de Discurso-Língua-Audição recomenda testes de audição pelo menos a cada década até os 50 anos de idade e a cada três anos depois disso.
Compensação de sentidos
A ciência provou que tanto as pessoas surdas quanto as cegas têm os seus outros sentidos mais aguçados, a título de compensação. Estudos apontam, por exemplo, que pessoas surdas desde o nascimento podem ser capazes de transferir a área do cérebro que seria usada para ouvir para impulsionar a visão. Isso acontece porque o cérebro não deixa o espaço não utilizado “ir para o lixo”.
Vale ressaltar que as pessoas surdas ou cegas não são menos inteligentes do que as pessoas sem tais deficiências. Elas são apenas diferentes na sua forma de comunicação. O que pode atrapalhar o aprendizado são os desafios para a formação educacional no Brasil, como a falta do ensino da Língua Brasileira de Sinais (Libras) e da presença de um intérprete nas salas de aula.
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